Caminhos de Ferro em Portugal – 169 anos de viagens e histórias

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  • 169 Anos CF
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Atualmente, a Rede Ferroviária Nacional dispõe de 2526 quilómetros em exploração, promovendo o transporte de passageiros e mercadorias de forma eficiente, segura e ambientalmente sustentável.

28 de outubro de 2025 assinala os 169 anos da chegada do caminho de ferro a Portugal, um símbolo de progresso, crescimento e modernidade do país. Em 1856, partia da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, o primeiro comboio com destino ao Carregado, percorrendo perto de 36 quilómetros num trajeto de quarenta minutos. Poucos imaginariam, naqueles tempos idos, que a máquina de ferro movida a vapor marcaria o início de uma nova era, capaz de unir cidades, transformar paisagens e aproximar pessoas.

Um motor de modernidade e coesão

O caminho de ferro assumiu um papel central na industrialização e na ligação entre regiões. Foi o grande impulsionador da economia e o elo que aproximou o litoral do interior. Em poucas décadas, o país ligou Lisboa ao Porto, chegou à fronteira espanhola e ao Algarve, construindo uma rede que seria decisiva para a importante, e ainda hoje investida, coesão territorial.
Atualmente, a Rede Ferroviária Nacional dispõe de mais de 2.500 quilómetros em exploração, uma infraestrutura que continua a servir o país, promovendo o transporte de passageiros e mercadorias de forma eficiente, segura e ambientalmente sustentável.

A ferrovia na história, na arte e na memória

Mais do que um meio de transporte, a ferrovia faz parte da história, da arte e da identidade de Portugal. Transportou, em 1958, o General Humberto Delgado na célebre viagem Porto–Lisboa, e foi também a bordo do Sud-Express que Mário Soares regressou do exílio, em 1974, para se juntar à luta pela liberdade. Hoje transporta diariamente milhares de pessoas que trabalham, que se divertem, movem e descobrem novos destinos.

As estações ferroviárias são testemunhos vivos dessa história passada e presente. Da Estação de Santa Apolónia - inaugurada em 1865 - ao traço neomanuelino da Estação do Rossio, desenhada por José Luís Monteiro, até à leveza contemporânea da Estação do Oriente, da autoria de Santiago Calatrava, a ferrovia portuguesa é também uma galeria de arquitetura e de tempo. No coração do Douro ergue-se a Ponte Maria Pia, inaugurada em 1877 e projetada por Gustave Eiffel, símbolo maior da engenharia e da ambição de um país que soube unir margens.

Memórias de gerações inteiras foram descritas na poesia de Eugénio de Andrade através de palavras como “esse sorriso onde a infância tomava sempre o comboio para as férias grandes”. Memórias de gerações inteiras que viajaram entre malas, bilhetes picotados e que conheciam a Europa em Interrail. O nosso património emocional de memórias persiste porque a ferrovia nos ensinou o valor da partida e o encanto do regresso.

O futuro em velocidade: Portugal prepara-se para a Alta Velocidade

Hoje, Portugal dá novos passos na sua longa história ferroviária, com bilhete comprado para a Alta Velocidade. O Plano Ferroviário Nacional define um investimento histórico para transformar a rede ferroviária portuguesa, com projetos que ligarão regiões do país mais rapidamente, que ligarão Portugal à Europa. Entre os principais projetos destaca-se a nova Linha de Alta Velocidade Lisboa–Porto, que promete reduzir o tempo de viagem entre as duas maiores cidades para cerca de 1 hora e 15 minutos, muito abaixo das quase três horas atuais. 

A obra será desenvolvida em três fases:

  • Fase 1: Porto–Soure;
  • Fase 2: Soure–Carregado:
  • Fase3: Carregado–Lisboa.

O investimento europeu para o primeiro troço Lisboa–Porto ultrapassa 800 milhões de euros, dos 3 mil milhões de euros de financiamento aprovado pelo BEI, em 2024, para apoiar a construção da ligação de alta velocidade entre as duas maiores cidades de Portugal.

A linha do Porto–Vigo também está em desenvolvimento, na perspetiva de reforçar a ligação transfronteiriça com Espanha. Em paralelo continuam os projetos de modernização e eletrificação de linhas convencionais e de requalificação de estações, consolidando uma rede ferroviária mais eficiente e moderna.

Há 169 anos que a ferrovia liga cidades, comunidades e aproxima pessoas. Hoje, o caminho de ferro continua a ser símbolo de transformação, sustentabilidade e ambição, com uma rede moderna e interligada. 169 anos depois, Portugal celebra o passado com orgulho e prepara-se para o futuro: uma viagem com destino ao progresso.

Curiosidades e marcos do caminho de ferro português

A ferrovia portuguesa está repleta de histórias e curiosidades que refletem quase dois séculos de inovação e património:

Primeira viagem: 28 de outubro de 1856, entre Lisboa (Santa Apolónia) e o Carregado, concelho de Alenquer;

Primeira ponte metálica: Ponte Maria Pia (1877), no Porto, obra de Gustave Eiffel, foi durante décadas a mais longa da Península Ibérica; 

Estação mais antiga: Santa Apolónia, construída em 1865 sobre o antigo convento das Clarissas, junto ao Rio Tejo;

Estação mais artística: São Bento (Porto), com mais de 20.000 azulejos pintados por Jorge Colaço, retratando episódios da história de Portugal;

Comboio mais icónico: O Sud-Express, que durante décadas ligou Lisboa a Paris;

Serviço mais rápido atual: Alfa Pendular, que atinge velocidades até 220 km/h em troços modernizados, considerado “alta velocidade” segundo normas europeias;

Maior museu ferroviário: O Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, alberga mais de 36.000 objetos, locomotivas e carruagens históricas, incluindo a locomotiva a vapor “D. Luís”;

Linha mais cénica: A Linha do Douro, com vistas sobre vinhas, socalcos e o rio, é considerada, por sites especializados, uma das viagens ferroviárias mais belas da Europa.